E A TURMA DA MÔNICA?
Recentemente, A Turma da Mônica foi adaptada para uma série animada. O trabalho foi desenvolvido pela Paramount Television e pela Maurício de Sousa Produções. O processo de releitura dos quadrinhos para a série de TV não destoava da proposta de adaptação da série O Sítio do Picapau Amarelo, fixando-se igualmente na construção de enredos que se aproximariam de crônicas infantis. Convém ressaltar que, na década de 1980, tivemos também outras releituras dos quadrinhos de Mônica para o território da animação.
A estilização das formas, a recorrência às inúmeras possibilidades de cores oferecidas pela paleta e o traço firme, típico dos quadrinhos, acabava sendo preservado na animação. Outro dado que merece destaque é o modelo emancipatório de infância em evidência, firmado nas relações entre adultos e crianças. Assim, a assimetria congênita às produções dessa linha – desenvolvidas por adultos e endereçadas às crianças – parece ter sua distância estreitada na animação. Prova disso é que poucos adultos interferem na ação, permitindo com que a voz da criança predomine em todo universo ficcional.
Ressalta-se, desse modo, um discurso de autoafirmação do infante, impondo ao destinatário sua condição, suas necessidades específicas e sua visão lúdica e crítica acerca dos fatos.
O enredo, assim, concentra-se no universo de Mônica e Cebolinha, nas relações de amizade firmadas e nos conflitos salpicados de humor. Diferente de obras mais complexas que lhe são contemporâneas – como Monstros S. A. (2000), A Casa Monstro (2006) e A Família do Futuro (2007) – a releitura de A Turma da Mônica mantém resquícios de inocência das revistas em quadrinhos e de algumas outras produções da década de 1980.
Além disso, preza por uma certa universalidade no processo de representação do espaço e no delineamento dos impasses que movem as narrativas. Não há, assim, na série elementos locais que caracterizem o ambiente brasileiro, com sua heterogênea arquitetura e sua flora e fauna singular (como acontece nas histórias protagonizadas por Chico Bento). O que se destaca é a projeção de uma aventura que poderia acontecer em qualquer lugar, independente do país ou da etnia das personagens.
Fernando Luigi
https://www.youtube.com/watch?v=nqJE-V0QRrU
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