EM TERRA DE SINHAZINHAS E SENHORES DE ENGENHO, A RESISTÊNCIA DO HERÓI NEGRO
Recentemente, enquanto desenvolvia uma pesquisa sobre a recepção de desenhos animados entre crianças, jovens e idosos, um entrevistado chamou-me a atenção. Tratava-se de um garoto de doze anos. Quando perguntei a respeito de sua série preferida, ele respondeu prontamente que apreciava (e muito!) o desenho Super Choque . A justificativa? Por se tratar do único herói negro que conhecia. Fiquei surpreso com aquela resposta. Movido por uma certa inquietação desencadeada pela fala do garoto, comecei a pensar sobre a representatividade de negros no universo do cinema de animação. Como pesquisador, e na busca por fontes que resgatassem personagens negras ou pardas, encontrava, em minhas investigações, um quadro bastante previsível. Com o advento da Disney no início do século XX - e mesmo com as produções paralelas protagonizadas por Popeye, Betty Boop e o Gato Félix - raras eram as referências a perfis de protagonistas que destoassem de modelos já consagrados na própria literatura: he