Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2020

EM TERRA DE SINHAZINHAS E SENHORES DE ENGENHO, A RESISTÊNCIA DO HERÓI NEGRO

Imagem
  Recentemente, enquanto desenvolvia uma pesquisa sobre a recepção de desenhos animados entre crianças, jovens e idosos, um entrevistado chamou-me a atenção. Tratava-se de um garoto de doze anos. Quando perguntei a respeito de sua série preferida, ele respondeu prontamente que apreciava (e muito!) o desenho Super Choque . A justificativa? Por se tratar do único herói negro que conhecia. Fiquei surpreso com aquela resposta. Movido por uma certa inquietação desencadeada pela fala do garoto, comecei a pensar sobre a representatividade de negros no universo do cinema de animação. Como pesquisador, e na busca por fontes que resgatassem personagens negras ou pardas, encontrava, em minhas investigações, um quadro bastante previsível. Com o advento da Disney no início do século XX - e mesmo com as produções paralelas protagonizadas por Popeye, Betty Boop e o Gato Félix - raras eram as referências a perfis de protagonistas que destoassem de modelos já consagrados na própria literatura: he

E A REPRESENTAÇÃO DA POPULAÇÃO LGBT NO CINEMA DE ANIMAÇÃO?

Imagem
Ao longo da história do desenho animado, observa-se a criação,   consagração e prestígio de heróis tradicionais com perfis homogêneros: brancos, do sexo masculino, heterossexuais e representantes de segmentos abastados. Impondo-se como um fenômeno tanto nas séries matinais quanto no universo cinematográfico, ganhavam destaque por vivenciarem grandes aventuras e desafiarem altivos antagonistas. Revelavam-se, assim, por meio das figuras lendárias de semideuses, cavaleiros medievais, mutantes ou jovens dotados de força extraordinária. Na contramão dessa tendência, novos perfis de heróis – ainda que em minoria - conquistavam seus respectivos espaços, sobretudo no cenário contemporâneo. De Steven Universe a Kung Fu Panda , protagonizavam histórias que pareciam conceder vez e voz aos segmentos que, até então, encontravam-se na condição de coadjuvantes ou nem tinham espaço nas narrativas: mulheres, refugiados, índios, obesos, negros e gays . Nessa direção, uma obra que merece atenção